terça-feira, 20 de novembro de 2012

O ciclo do Pão nas terras da beira raiana

1-Introdução

Nas zonas da beira interior mais próximas da fronteira e provavelmente noutras, nas décadas de 40 a 60 do século passado, o pão desempenhava na alimentação dos residentes o papel mais importante de todos os componentes da alimentação.
O pão, em paralelo, com as batatas e leguminosas constituíam praticamente   a quase totalidade da alimentação das gentes naqueles tempos. 
“Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém  tem razão” dizia o ditado.
Tendo o pão a importância que todos reconhecemos, não parecerá estranho que sejam precisamente sobre ele as primeiras palavras deste blog tentando reproduzir o máximo de informação que ao pão daqueles tempos diz respeito.
Não me move qualquer saudosismo do que naqueles tempos era a vida quotidiana das pessoas até por que vivi parte dela, mas entendi que seria importante divulgar a forma como as pessoas trabalhavam e viviam, de uma forma  que, contada na primeira pessoa tem, na minha opinião, maior credibilidade principalmente nos pormenores dessas situações.
Ao longo de vários artigos serão descritas de forma tão minuciosa e fidedigna que conseguir, as diferentes fases que levam a que, no final se possa comer “PÃO”. 
Não vou dizer que estas linhas esclarecerão muitos sobre o facto de o pão não vir do supermercado ou da padaria pois isso é uma frase  já gasta e que alguns acham que fica sempre bem referir.
Vou sim, relatar e explicar, muitas vezes na primeira pessoa, as tarefas que se faziam para no final se poder comer uma fatia (aqui dizia-se “Fatiga” ) de pão. É também para mim óbvio que essas ou outras tarefas continuarão a ser executadas mas agora com a utilização de novas técnicas e tecnologias que entretanto foram aparecendo e não necessariamente nos mesmos locais que antes eram trabalhados.
Embora não o deseje, principalmente nos moldes das  décadas referidas no inicio, creio que dentro de algum tempo, provavelmente muitas  pessoas terão de voltar ao mundo rural e aí, certamente vão ter de produzir não necessariamente apenas pão, mas provavelmente outras culturas mais adequadas aos solos de cada local. É que, com o desemprego a crescer, a vida nas cidades tornar-se-á insustentável para quem não tenha um emprego. E, nessa altura, quem não quiser emigrar terá necessariamente de voltar ao campo, onde pelo menos poderá subsistir.
Será uma forma de repovoar o interior? Preferia que tal fosse conseguido por livre vontade dos futuros residentes e não por imposição de uma situação criada, para a qual os destinatários certamente foram os que menos contribuíram.
As tarefas conducentes à obtenção do pão, iniciam-se como facilmente se percebe, pela preparação da terra onde a ceara se virá a desenvolver e que depois dará origem ao grão, à farinha, e, finalmente ao pão.
Por isso, ao longo de vários textos a publicar com a regularidade que for possível irão ser descritas as tarefas parcelares que conduzem à obtenção de uma fatia de Pão, que como perceberão são muitas, árduas, e deslocadas no tempo, se se quiser manter a produção com um ritmo de continuidade. É que as pessoas todos os dias comem e quase sempre, pão.
Será, quando isso se justificar, feita referência aos instrumentos de trabalho utilizados em épocas remotas para o desempenho das tarefas agrícolas que conduzem à obtenção do Pão.
(continua….)

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Abertura do Ponto de Partida

Muitos são os espaços onde hoje há possibilidades de todos podermos colocar aquilo que pensamos sobre os mais diferentes assuntos. Educação, Desporto, Saúde, Cidadania,  Natureza, Cultura, História, Ciência, etc.
Este espaço em particular apesar de encontrar aberto aos mais diversos  temas e colaborações  tem um objectivo fundamental e que se prende com a divulgação daquilo que se fez, faz e existe no interior do país, na sua parte mais periférica, e das poucas gentes que por lá ainda residem e vivem. Esses são os verdadeiros guardiões das terras fronteiriças.
Não é um espaço corporativista, não é um espaço territorialmente limitado, nem sequer exclusivista daquelas regiões. É um espaço que pretende mostrar a quem o quiser consultar aquilo que de bom, menos bom e belo existe no interior fronteiriço e que muitas vezes nem sequer imaginamos. À partida serão divulgados costumes, lugares, curiosidades, espaços naturais, cursos de água, monumentos e espaços de cultura existentes nos concelhos de Almeida, Figueira de Castelo Rodrigo, Sabugal e Penamacor, não estando fechada a sua continuidade sempre que tal se justifique.
O centro deste Blog é um lugar que só dificilmente se encontra no mapa e donde o seu criador é natural:  PAILOBO .  trata-se  de um lugar quem nem sequer é freguesia, pertence à freguesia da Parada no concelho de Almeida.
O blog está a ser desenvolvido a partir de Linda-a-Velha onde o seu responsável reside durante o ano, quando não está em Pailobo.
Novembro de 2012